A família Symington dedicava 136 anos de atividade vitivinícola no Douro até 2017, quando comprou a Quinta da Fonte Souto, no Alentejo. “Considero a Quinta como um filho, pois foi último grande projeto antes da aposentadoria”, diz Dominic Symington, que ainda atua no conselho de administração da Symington Family Estates (SFE). Domiinc esteve em São Paulo em um jantar oferecido pela importadora Mistral ao legado construído ao longo das 5 gerações da família no negócio do vinho.
A escolha não foi ao acaso. A propriedade com 207 hectares dos quais 42 estão com vinhedos está na sub-região de Portalegre, no cobiçado Alto Alentejo. A elevada altitude desta zona (vinhedos acima dos 500 metros), junto com seu solo xistoso e granítico tem se mostrado um oásis de frescor e elegância para os vinhos alentejanos, situação desejada no cenário atual de extremos climáticos. Não por acaso, Malhadinha, Esporão, Susana Esteban, entre outros nomes importantes, foram lá produzir vinhos. Embora Portalegre também seja conhecida pela boa quantidade de vinhas velhas, no caso da Quinta da Fonte Souto, as vinhas possuem média de 25 anos de idade e cada variedade está plantada em parcelas de forma separada.
No caso deste branco, 75% Arinto e 25% Verdelho compõe a mescla do vinho, que 70% do volume fermentou em barris de carvalho de 500 litros e o estágio posterior de 7 meses se deu em partes praticamente iguais de barricas de carvalho de primeiro e segundo uso. Mais que a vinificação, o vinho é marcado pelo clima fresco da safra 2018, que refletiu em uma expressão elegante, complexa e ao mesmo tempo com estrutura firme. Pode parecer contrastante os 14,3% de álcool com um pH de 3,14 (equivalente ao de muitos espumantes), porém isso se traduz na complexidade do vinho e na natural capacidade das duas variedades para expressar tantas informações de forma harmônica, conforme a impressão descrita a seguir.
Quinta da Fonte Souto branco 2018
Alentejo, Portugal
R$ 386 (preço médio) - Mistral
93 pontos
Os aromas do vinho impactam pela intensidade e o mineral que remete ao talco. O lado frutado está no segundo plano e se manifesta com grapefruit, pera, ameixa amarela e pitanga; assim como o toque amendoado (marzipã) dado pela madeira. Na boca não há nenhuma aresta: a fruta é fresca, álcool, madeira e acidez integrados e a textura bastante fluida. O final é cristalino e ressalta as frutas tropicais ácidas. Logo na segunda safra produzida o vinho já é um marco entre os brancos alentejanos.