×
image

Lascombes é comprado por grupo de Napa

O deuxième Cru Classé (1855) situado em Margaux foi comprado pelo grupo californiano Lawrence Wine Estates (LWE), que conta com o Master Sommelier Carlton McCoy Jr. como sócio.

Fotografia: Arquivo
Marcel Miwa

Marcel Miwa

Lascombes é também uma das maiores propriedades de Margaux, com 117 hectares, dos quais 84 hectares com vinhedos, dominados pela Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot. O valor da operação não foi divulgado, porém sabe-se que um hectare de vinhedo “cru classé” em Margaux está avaliado em cerca de EUR$ 1,5 milhão. Além disso, especula-se que o château possua mais de EUR 50 milhões em estoque de vinho, além de uma nova adega de vinificação, inaugurada em agosto de 2021, e visitada pela equipe de GULA em abril deste ano.

O grupo LWE foi criado em 2018, e embora recente, tem sido agressivo nas aquisições de vinícolas. O passo inaugural do grupo foi dado com a copra de Heitz Wine Cellars, por cerca de US$ 180 milhões. A propriedade é uma das estrelas de Napa, com história que remonta à década de 1960 e possui como maior ativo Martha’s Vineyard, um dos vinhedos californianos mais cultuados. Em seguida, LWE incorporou Burgeess Cellars, Stony Hill, Brendel, Ink Grade e Demeine Estates. 

A equipe técnica do Château Lascombes deve permanecer, com Dominique Befve como diretor-geral e Delphine Barboux como diretora-técnica, além da consultoria enológica de Michel Rolland. Ambos estão em Lascombes desde 2001, quando seguradora francesa MACSF adquiriu a propriedade. 

Abaixo as avaliações da vertical provada em 2021, no Château Lascombes com o diretor-geral Dominique Befve.

Château Lascombes 2019

50% Cabernet Sauvignon, 45% Merlot e 5% Petit Verdot

93 pontos

Um ano climático de altos e baixos, Lascombes mostrou grande evolução na precisão da fruta nesta vertical. Frutas negras maduras (cereja preta e ameixa) e com boa concentração, chá earl grey e toque de violeta. Ainda que jovem, já mostra boa definição da fruta e o conjunto se destaca pelos taninos, muito finos e com ótima firmeza. Ao lado do bom frescor, projeta uma longa vida para este 2019. Final onde a fruta permanece, com toques tostados (toffee e cacau) leve giz.  

Château Lascombes 2011

55% Merlot, 40% Cabernet Sauvignon e 5% Petit Verdot

92 pontos

Uma expressão mais comportada de Lascombes, seguindo a expressão do clima de 2011. A Merlot dá o tom no nariz com suas notas florais e de frutas negras maduras, e na boca com os taninos redondos, na medida certa entre tensão e maciez. A expressão da Cabernet se mostra mais desafiadora, combinando ótima acidez e tons pimenta vermelha e mentol. Para os que preferem a feição mais clássica da margem esquerda, com toques de pirazina, intensidade moderada, mais frescor e taninos. 

Château Lascombes 2009

48% Cabernet Sauvignon, 48% Merlot e 4% Petit Verdot

91 pontos

A expressão oposta da safra 2011. Em 2009 o calor se nota não apenas pelo calor do álcool mas principalmente pela fruta madura (licor de cassis, ameixa seca e jabuticaba), com violeta cristalizada e aromas terciários já se abrindo, como couro e incenso. O tanino mostra leve aresta de secura. Os tostados da madeira com café, cacau e carne defumada reforçam o estilo mais moderno e maduro desta safra. Final com cânfora e mais frutas em licor. 

Château Lascombes 2005

52% Cabernet Sauvignon, 45% Merlot e 3% Petit Verdot

95 pontos

A safra que está em seu momento de maior brilho. Também considerado uma safra ótima e de clima quente, passados mais de 15 anos o vinho mostra seu pedigree. O floral típico de Margaux e da Merlot ainda se apresenta com a violeta cristalizada, em um conjunto compacto e perfeitamente integrado, exceto por um toque de acidez a mais que seria bem-vinda e deixaria o vinho arrebatador. Frutas negras em licor (cereja preta, jabuticaba e amora), no segundo plano e de forma sutil e harmoniosa aparecem tabaco, trufa, cacau e couro. A textura cremosa e concentrada, sem perder a fluidez, com taninos bem amalgamados é sedutora e faz pedir pelo próximo gole.