O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) anunciou hoje a elevação da região de Altos de Pinto Bandeira, no Rio Grande do Sul, à categoria de Denominação de Origem (DO). Isto significa que vinícolas como Aurora, Don Giovanni, Geisse e Valmarino podem passar a exibir nos rótulos de seus espumantes produzidos na região o título de DO.
Trata-se da primeira Denominação de Origem exclusiva para vinhos espumantes no Novo Mundo e no Hemisfério Sul. A certificação de procedência como DO vem dez anos depois que a Associação dos Produtores de Vinho de Pinto Bandeira (Asprovinho) iniciou o processo de obtenção do selo.
Para ter direito ao uso do Selo da DO em seus espumantes naturais, as vinícolas têm que cumprir regras rigorosas de controle, desde o cultivo das uvas até o engarrafamento. O saber fazer agrícola, vitícola e vinícola deve estar em perfeito equilíbrio durante todo o processo. É autorizado o uso de apenas três variedades na elaboração dos vinhos - Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico – que, além de serem cultivadas na área geográfica delimitada, também precisam ser conduzidas pelo método espaldeira.
Além de seguir o protocolo, as vinícolas precisam submeter os produtos a análises laboratoriais e sensoriais, com gestão do Conselho Regulador da DO. Somente ao fim desse processo é que o espumante está apto a receber o rótulo com o Selo e seguir para a mesa do consumidor. Os primeiros espumantes com a DO Altos de Pinto Bandeira devem chegar ao mercado a partir da safra 2023.
Características da região
A DO dos Altos de Pinto Bandeira abrange 65 km² de área contínua, das quais 76,6% localizada no município de Pinto Bandeira, 19% em Farroupilha e 4,4% em Bento Gonçalves. A altitude média da região é de 632 metros, com terrenos de relevo ondulado até montanhoso. As temperaturas são mais amenas, enquanto a exposição solar é favorecida pela localização na margem esquerda do Vale do Rio das Antas e pela boa circulação horizontal do ar no alto de um dos patamares do Planalto Basáltico da Serra Gaúcha. Este conjunto de características influencia na escolha de técnicas de cultivo e manejo dos vinhedos, interferindo diretamente na qualidade do vinho elaborado.
Principais regras para o uso da DO Altos de Pinto Bandeira
1. Cultivares autorizadas: Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico
2. Origem das uvas: As uvas devem ser cultivadas 100% na área geográfica delimitada da DO Altos de Pinto Bandeira
3. Sistema de Condução: espaldeira
4. Produtividade: limite máximo de 12 toneladas de uva por hectare. A colheita mecânica é proibida para as uvas destinadas à DO, que também devem apresentar mais que 14 graus babo.
5. Elaboração: somente pelo Método Tradicional com tempo superior a 12 meses de guarda. Quanto ao açúcar residual estão autorizadas as classes Nature, Extra-Brut, Brut, Sec e Demi-Sec.
6. Processos Enológicos:
- É permitido o uso de barricas de carvalho, tanto na primeira fermentação quanto no vinho base para espumante; para ter a DO é necessário ter a segunda fermentação na garrafa;
- Os vinhos base para espumante devem ter no máximo 5 anos, contados a partir da data de término da respectiva safra de uva;
- É permitido o uso de diferentes safras de vinhos base para espumante nos cortes, desde que das variedades autorizadas. Nos cortes, o vinho base de Riesling Itálico terá um percentual máximo de 25% sobre o volume do produto final;
- O vasilhame autorizado é, exclusivamente, o de garrafas de vidro nos volumes 375 mililitros (ml), 750 ml, 1500 ml e 3000 ml;
- Os espumantes da DO Altos de Pinto Bandeira podem ser safrados, devendo conter, no mínimo, 85% de vinho base da safra mencionada.